07 julho, 2016

As principais vantagens e motivos para celebrar a Missa Ad Orientem




Muitos católicos têm certo preconceito em relação à Missa celebrada com o padre de frente para o Oriente (ou de frente para o sacrário) ou em relação à Missa em latim. A questão do latim será tratada em outra publicação aqui no Sim, sou Católico. Mas apenas para fomentar a curiosidade, o Concílio Vaticano II publicou um documento específico sobre a Sagrada Liturgia, a Sacrosanctum Concilium, e este texto diz que dever ser conservado o uso do latim nos ritos latinos, salvo o direito particular (artigo 36,).

Porém, como foi dito acima, esta publicação não irá abordar o uso do latim, mas falar sobre a Missa onde o padre está virado de frente para o sacrário, Ad Orientem. E nessa pequena afirmação, já é possível perceber um grande fator: o padre não está de costas para o povo, como muitos difundem. Ele está virado para Cristo, para o princípio e fim de toda a ação litúrgica da Igreja.




Na conferência inaugural do evento Sacra Liturgia UK 2016, evento realizado entre os dias 5 e 8 de julho, em Londres, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, falou sobre a proposta de uma importante mudança para a Missa: a partir do Primeiro Domingo do Advento de 2016, todos, sacerdotes e povo, devem olhar para a mesma direção, ou seja, para o oriente ou pelo menos para o tabernáculo.

Segundo o Cardeal Sarah, para que Deus seja o centro da liturgia, “o melhor meio é celebrar –sacerdotes e fiéis – todos na mesma direção: para o Senhor que vem”.

Algumas opiniões errôneas dizem que quando se vê apenas as costas do celebrante o povo não participa de forma plena, ativa e consciente da celebração. Mas o Purpurado explica que há sentido em fazer desta maneira e, com a devida catequese, é algo bom para a vida da Igreja.


“Não se trata, como se entende às vezes, de celebrar de costas para o povo ou olhando para eles. O problema não é esse. Trata-se de olhar todos juntos para a abside que simboliza o oriente onde está o trono da cruz do Senhor ressuscitado”, precisou o Cardeal.

Qual o motivo para celebrar a Missa Ad Orientem?


De acordo com o Cardeal Robert Sarah, “com esta maneira de celebrar, experimentaremos, também com o corpo, a primazia de Deus e da adoração. Compreenderemos que a liturgia se trata em princípio de nossa participação no sacrifício perfeito da cruz”.

Papa Francisco celebrando Ad Orientem, no Vaticano - Foto: reprodução CTV

Com o Concílio Vaticano II, “celebrar olhando ao povo se converteu em uma possibilidade, mas não é uma obrigação. A liturgia da palavra justifica que se vejam cara a cara o leitor e o povo, o diálogo e a pedagogia entre o sacerdote e seu povo. Mas como chegamos logo ao momento em que alguém se dirige a Deus – do Ofertório em diante – é essencial que o sacerdote e os fiéis olhem juntos para o Oriente. Isto corresponde exatamente ao que queriam os padres conciliares”.

Todo sacerdote pode celebrar Ad Orientem?


Diante da proposta, talvez alguns sacerdotes tenham receio para celebrar de tal forma sem que aja uma autorização. Entretanto, a mesma não é necessária.




“Como Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos – declarou o Purpurado –, desejo recordar que a celebração Ad Orientem está autorizada pelas rubricas, que especificam os tempos em que celebrante deve virar para o povo. Portanto, não é necessário ter uma permissão especial para celebrar olhando para o Senhor”.

Liturgia não é um espetáculo, mas algo sagrado


O Prefeito da Congregação também disse que deseja “exortar uma grande reflexão sobre este tema para devolver a Eucaristia ao centro de nossa vida”. Segundo ele, “muitas de nossas liturgias se convertem em um espetáculo” e há muitas distorções do sentido da liturgia em toda a Igreja de hoje.


“Com frequência – continuou –, o sacerdote já não celebra o amor de Cristo através de seu sacrifício, mas um encontro entre amigos, uma partilha, um momento fraterno. Ao procurar inventar liturgias criativas ou festivas, corremos o risco de um culto muito humano, à altura de nossos desejos e das modas do momento”.

“A liturgia é a porta da nossa união com Deus. Se as celebrações eucarísticas se transformarem em autocelebrações humanas, o perigo é imenso porque Deus desaparece. Devemos começar a colocar Deus novamente no centro da liturgia”, afirmou o Cardeal.

Citando o Papa Francisco, Cardeal Sarah destacou que o homem não pode ser o centro da liturgia. Caso isso ocorra, “a Igreja se converte em uma sociedade puramente humana, uma simples ONG”.

“Se, pelo contrário, Deus está no coração da liturgia, então a Igreja reencontrará seu vigor e sua seiva”, pontuou.




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