31 dezembro, 2022

Vaticano confirma a morte do Papa Emérito Bento XVI, o Colaborador da Verdade



O Papa emérito Bento XVI faleceu neste sábado, 31 de dezembro de 2022, às 9h34 (hora de Roma), no  Convento Mater Ecclesiae, foi o que informou o Vaticano.

Bento XVI tinha 95 anos e desde 28 de fevereiro de 2013, quando renunciou à Cátedra de Pedro, tinha o título de Papa Emérito. Ele foi o primeiro pontífice a abdicar desde o século XIII.




Durante uma entrevista concedida em março de 2016, o secretário particular de Bento XVI, Dom Georg Gänswein, havia dito que o Papa Emérito estava se "apagando lenta e serenamente como uma vela" e completou afirmando que ele estava "sereno, em paz com Deus, consigo mesmo e com o mundo".

Desde de sua renúncia, Bento XVI levava uma vida de monge, porém não estava em absoluto isolamento. Ele rezava, lia, escutava música, recebia visitas e tocava piano. Além disso, ainda conservava uma grande paixão por gatos.

Em março de 2013 Bento XVI e Francisco foram protagonistas de um evento histórico e sem precedentes na Igreja Católica: pela primeira vez dois pontífices se encontraram, sendo um deles emérito.

Biografia de Bento XVI


Bento XVI foi o 265º Papa da Igreja Católica. Nato Joseph Aloisius Ratzinger, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e recebeu o sacramento do batizado no mesmo dia.

Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilômetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido "mozarteano", que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.

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O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família o prepararam para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Ratzinger chegou a ver nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.

Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; a conduta da sua família foi fundamental para ele, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.

Até o mês de setembro de 1944 esteve incluído nos serviços auxiliares antiaéreos. Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de 1951. Um ano depois, começou a sua atividade de professor na Escola Superior de Freising.

No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese "Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho". Passados quatro anos, sob a direção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre "A teologia da história em São Boaventura".




De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como perito; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.

A sua intensa atividade científica o levou a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo de München e Freising. A 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal "Colaborador da verdade"; assim o explicou ele mesmo: "Escolhi este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade".

Paulo VI o criou Cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de junho desse mesmo ano.

Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este o nomeou seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro. No mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.

João Paulo II o nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981.

Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.

A 6 de novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.




Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Assinatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, Ecclesia Dei, para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canônico, e para a revisão do Código de Direito Canônico Oriental.

Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro "Introdução ao Cristianismo", uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro "Dogma e Revelação" (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.

Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema "Por que continuo ainda na Igreja?"; com a sua habitual clareza, afirmou então: "Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja".




No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista "Informe sobre a Fé" e, em 1996, "O sal da terra". E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro "Na escola da verdade", onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.

Recebeu numerosos doutoramentos honoris causa: pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polónia) no ano 2000.

Bento XVI anunciou sua renúncia na manhã do dia 11 de fevereiro de 2013 e no dia 28 de fevereiro, às 20h, teve fim o seu pontificado e ele tornou-se Papa Emérito da Igreja Católica.

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