06 julho, 2015

Ao receber o Papa, Correa reconhece dívida da América Latina com os pobres


(RV) O discurso do Presidente do Equador, Rafael Correa, na chegada do Papa ao País, neste domingo (5/7) foi muito bem recebido por Francisco. O Pontífice agradeceu ao presidente pela “convergência de pensamento” e garantiu, por sua vez, que o Equador pode contar com a colaboração da Igreja “servindo este povo equatoriano que com tanta dignidade se levantou”. Os bispos do Equador pediram que Governo assuma responsabilidade e ouça a voz dos protestos nas ruas.

Ao afirmar que o grande pecado social da América é a injustiça, Correa questionou como o continente pode ser o mais cristão do mundo sendo o mais desigual, quando um dos “sinais mais recorrentes do Evangelho é dividir o pão”.

Questão social

“A fundamental questão moral na América Latina é precisamente a questão social todavia, pela primeira vez na história, a pobreza e a miséria em nosso continente não são consequência da falta de recursos, e sim de sistemas políticos, sociais e econômicos perversos”, frisou Correa.
Após citar a questão da justiça social no continente, Correa falou sobre a ainda não alcançada integração latino-americana ao defender – citando o Papa – não mais muros e fronteiras e sim uma cultura global de solidariedade.

União latino-americana

“A construção da Pátria Grande é inadiável, talvez os europeus terão que explicar a seus filhos porque se uniram, contudo nós teremos que explicar aos nosso porque demoramos tanto”, refletiu Correa.

O presidente do Equador citou também documentos da Igreja da América Latina que definiram um “escândalo” a contradição com o ser cristão e a crescente lacuna entre ricos e pobres no continente, e os “extraordinários pastores” que ela deu ao continente, entre eles Dom Helder Câmara e o Beato Óscar Arnulfo Romero.

“Nos chamamos um continente de paz, mas a insultante opulência de uns poucos ao lado da mais intolerável pobreza são também tiros cotidianos contra a dignidade humana”, afirmou o presidente do Equador.

Protestos

As semanas que precederam a chegada do Papa ao Equador foram marcadas por diversos protestos contra as medidas do Governo sobre mudanças nas taxas sobre heranças e valorização de propriedades.

Em nota, pouco antes do avião do Papa aterrissar, a Conferência Episcopal Equatoriana (CEE) pediu ao governo “respeito pelas expressões de instâncias sociais” e afirmou que a chegada do Papa é “uma boa oportunidade” para assumir responsabilidades diante das atuais circunstâncias vividas no País andino.

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