22 dezembro, 2020

Bispo de Petrópolis manisfesta indignação após decisão de fechamento de igrejas


- Dom Gregório Paixão. Foto: Captura de vídeo -

O Bispo da Diocese de Petrópolis (RJ), Dom Gregório Paixão, manifestou indignação e protesto diante a determinação judicial que ordenou o fechamento imediato das igrejas e suspensão dos cultos religiosos na cidade por causa da pandemia de Covid-19.



Em 17 dezembro, o juiz federal João Paulo de Mello Castelo, da 2ª Vara Federal de Petrópolis, proferiu decisão determinando que a Prefeitura de Petrópolis providenciasse o imediato fechamento de bares e templos religiosos, atendendo a pedidos apresentados pelos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE), por conta do alto índice de contaminação por coronavírus na cidade e escassez de leitos de UTI.

No dia seguinte (18 de dezembro), a Prefeitura de Petrópolis publicou o despacho no Diário Oficial acatando, de forma imediata, o fechamento de bares/congêneres e templos religiosos, além de mandar comunicar aos fiscais da Secretaria de Ordem Pública e ao comando do 26º Batalhão de Polícia Militar para o cumprimento da decisão.

Diante de tais acontecimentos, o Bispo de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, divulgou vídeo onde afirmou ter sido surpreendido. "Para nós, cristãos, essa decisão judicial nos causou uma profunda chaga, por ter sido proferida exatamente na semana sagrada do Natal".


"Desde o início da pandemia, seguimos todas as recomendações dos governos federal, estadual e municipal", afirmou o Bispo que ainda ressaltou que basta uma visita às igrejas para perceber que todas as medidas foram seguidas.

"[Fizemos] uso de máscaras, uso de álcool em gel, distanciamento social e aferição de temperatura, proibimos todo tipo de aglomeração e os prédios das igrejas são continuamente higienizados", destacou.



Dom Gregório declarou que todas as orientações foram seguidas de forma rigorosa, diferente daquilo que era observado em muitos outros locais não atingidos pela decisão judicial.

"Houve uma redução drástica da participação de fiéis nas Missas. Insistimos para que os de grupos de risco, idosos, gestantes, gripados e todos os que apresentassem sintomas análogos aos da Covid-19 ficassem em casa". 

Além disso, o Bispo de Petrópolis recordou a atuação da Igreja Católica durante todo o período de pandemia.

"Fizemos parceria com a Prefeitura de Petrópolis e duas de nossas casas de retiro foram usadas para acolher moradores de rua, especialmente os idosos, e possíveis contaminados pelo coronavírus". Distribuímos mais de 14 mil cestas básicas nas seis cidades diocesanas, com ajuda dos fiéis e de empresários. Demos assistência religiosa e psicológica aos desanimados, entristecidos e doentes. Acompanhamos os mais de 8 mil alunos de nossos 29 colégios paroquiais que são gratuitos e conveniados com a Prefeitura de Petrópolis, pontuou, destacando ainda que "nenhum dos nossos acolhidos nos sítios e fazendas de recuperação de dependentes químicos foi infectado".



"Trabalhamos com muito afinco no combate ao vírus" e, dessa maneira, os protocolos da Diocese "se tornaram referência para outros segmentos da sociedade" levando a mesma a ser convidada "para integrar conselhos constituídos para o enfrentamento dessa emergência sanitária".

Após levar à luz estes pontos, Dom Gregório Paixão afirmou que "injustiça, em linguagem simples e direta, é quando a gente não tem o direito de colher aquilo que plantamos" e "a omissão é sempre alimento para a injustiça".

Dom Gregório expressou que "é por causa disso que deixo aqui minha palavra de profunda indignação e de protesto" e garantiu que "lutaremos, pelas vias adequadas, pelos nossos direitos". O Prelado recordou ainda que "a atividade religiosa é reconhecida como atividade essencial pela legislação vigente e se enquadra como garantia constitucional do cidadão".

"Concluo com a palavra de Jesus, que, em João 18,23, disse para o soldado que o esbofeteava: 'Se falei mal, mostra em que falei mal. Mas, se fiz o bem, por que me bates?'", concluiu.
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